A Teoria do Big Bang
De onde viemos? Para onde
vamos? Como surgiu o Universo? Assim como eu, quem nunca, ao menos uma vez, já
se perguntou sobre isso? Como não se perguntar como podemos viver na Via Láctea,
ou no Sistema Solar, e não entender como eles se formaram? Entender a nossa
origem é uma das grandes obsessões humanas e sempre despertou em mim uma enorme
curiosidade. Curiosidade esta que me leva a questionar o meu lugar nesse Universo
e, além disso, o lugar do próprio Universo.
Obviamente, estas não são
questões simples, e ao longo da nossa breve história neste planeta muito tempo
e esforço já foi gasto à procura de alguma pista.
Não sabemos exatamente como
o Universo foi criado, mas existem várias teorias. Uma delas, conhecida com a
teoria do Big Bang (em português, a Grande
Explosão) e aceita em quase todos os meios científicos do mundo diz que, entre
15 e 20 bilhões de anos atrás, a partir de uma concentração de matéria e
energia extremamente densa e quente, uma enorme explosão começou a expansão do Universo.
Essa teoria de formação do
Universo foi proposta por Alexander Friedmann (matemático e cosmólogo russo) e
Georges Lemaitre (padre católico, astrônomo e físico belga) nos anos 20, mas
uma moderna versão foi desenvolvida nos anos 40 por George Antony Gamow (físico
russo, naturalizado norte-americano) e os seus seguidores. Para o
desenvolvimento da Teoria do Big Bang
contribuíram dois ramos do conhecimento humano: a ciência do macrocosmo (o
infinitamente grande) e a ciência do microcosmo (o infinitamente pequeno). A
Cosmologia e a Astrofísica, por um lado, e a Física das partículas elementares
ou Física subatômica, por outro.
Na verdade, apesar do nome,
o “Bang” (explosão) não ocorreu, porque a expansão do Universo não fez barulho
- não existe som no vácuo e, pior, essa explosão que foi sem nunca ter sido não
aconteceu nem no vácuo, mas em lugar nenhum. Na “explosão”, só se formaram
átomos de hidrogênio e hélio, e traços de lítio.
O nosso Sistema Solar surgiu
há cerca de 4,5 bilhões de anos a partir de uma nebulosa protosolar (nuvem
concentrada de matéria interestelar), que era uma nuvem de gás e poeira em
rotação lenta onde através de condensação dessa nuvem surgiram os planetas,
luas e outros corpos celestes que passaram a girar em torno do Sol. Como aqui na Terra nós encontramos todos os
elementos mais pesados que o ferro, isto significa que a nebulosa que deu
origem ao Sol (e à Terra) é proveniente da explosão de uma supernova.
Supernova é o nome dado aos corpos celestes
surgidos após as explosões de estrelas com mais de 10 massas solares, que
produzem objetos extremamente brilhantes, os quais declinam até se tornarem
invisíveis passadas algumas semanas ou meses. Em apenas alguns dias o seu
brilho pode intensificar-se em um bilhão de vezes a partir de seu estado
original tornando a estrela tão brilhante quanto uma galáxia, mas com o passar
do tempo sua temperatura e brilho diminuem até chegarem a um grau inferior aos
primeiros. A explosão de uma supernova pode expulsar para o espaço até 9/10 da matéria
de uma estrela e centenas de anos depois essa enorme massa de gás forma uma
nebulosa esférica ou um anel, que acaba originando novas estrelas.
Segundo o cientista e astrônomo
americano Carl Sagan, todos nós somos feitos do mesmo material que as estrelas,
então quando estudamos Astronomia estamos de certa forma só investigando a
nossa remota ancestralidade e nosso lugar no universo de matéria estelar.
Nossos corpos são compostos dos mesmos elementos químicos encontrados nas
nebulosas mais distantes, e as nossas atividades são guiadas pelas mesmas
regras universais.
Com isso, ele resumiu o fato
de que os átomos de carbono, nitrogênio e oxigênio em nossos corpos, assim como
os átomos de todos os outros elementos pesados, foram criados em gerações
anteriores de estrelas há mais de 4,5 bilhões de anos.
Como todos os seres humanos
e os outros animais – assim como a maioria da matéria na Terra – contêm esses
elementos, sim, nós somos literalmente feitos de matéria estelar. Todo o
carbono que contém matéria orgânica foi produzido originalmente nas estrelas.
Embora o Big Bang seja a teoria mais bem aceita pela
quase totalidade da comunidade científica atual, há ainda muitas questões a que
não consegue dar resposta: Por que ocorreu o Big Bang? Havia algo antes do Big
Bang? Qual o destino do Universo?
Se, de fato, existem algumas
limitações à teoria do Big Bang,
então é perfeitamente normal que tivessem surgido outras hipóteses que
tentassem explicar a formação do Universo. Porém, as últimas
descobertas cosmológicas parecem confirmar a teoria do Big Bang, que terá de ser aperfeiçoada e completada para dar
respostas às questões que ainda não as têm.
Como afirmou Stephen
Hawking, "uma boa teoria descreverá uma vasta série de fenômenos com base
em uns poucos postulados simples e fará previsões claras que podem ser
testadas. Se as previsões concordam com as observações, a teoria sobrevive
àquele teste, embora nunca possa provar que esteja correta”.
Seguindo o mesmo pensamento de Carl Sagan,
entendo que é muito melhor compreender o Universo como ele realmente é do que
persistir no engano, por mais satisfatório e tranquilizador que possa parecer.
"Eu não quero acreditar, eu
quero saber".
Carl Sagan