Os Protestos em Campinas.
Praça Guilherme de Almeida, à frente do Palácio da Justiça
Avenida Francisco Glicério e Largo
do Rosário
Tudo começou com a mobilização organizada pelo Movimento Passe Livre,
por meio das redes sociais, de milhares de jovens, e outros tantos nem tão
jovens assim, que foram às ruas protestar contra a decisão de aumentar em 20
centavos as tarifas do transporte público na cidade de São Paulo.
Inicialmente, os manifestantes queriam que as tarifas do transporte
público permanecessem a mesma. Mas a minoria dos manifestantes queria – e isso
incluía os líderes do Movimento Passe Livre – o transporte público
completamente gratuito.
Seguindo o exemplo de São Paulo, rapidamente esse movimento se espalhou
por várias capitais do país e acabou por revelar outras insatisfações mais
profundas e latentes do povo brasileiro, que compreendem a corrupção, a má
qualidade dos serviços públicos, os gastos excessivos do governo com a
construção de estádios e infraestruturas.
A repressão da polícia militar foi extremamente forte. Manifestantes que
protestavam em paz foram recebidos à bala de borracha e gás lacrimogênio. A
tropa de choque da PM atacou jovens, adultos e até mesmo idosos. O Movimento
Passe Livre não incentivou a violência em momento algum de suas manifestações,
mas foi impossível controlar a frustração e a revolta de milhares de
pessoas com o poder público.
Numa tentativa de acalmar os manifestantes, as autoridades de São Paulo
e Rio cancelaram o aumento nas tarifas do transporte, mas a multidão continuou
a se reunir, apesar do governo voltar atrás.
E como não poderia deixar de ser, Campinas que sempre esteve na
vanguarda dos movimentos sociais, também foi às ruas assumir a sua
responsabilidade pelas transformações do país, e exigiu mais qualidade em
transporte, saúde e educação, bem como protestou contra a corrupção impune que
transfere para uns poucos os recursos que deveriam ser investidos para o bem
comum.
Estive lá e registrei com o meu celular as imagens desse momento
histórico para a cidade, e fiquei orgulhoso de ver essa juventude assumir um papel
mais protagonista na sua história, marcando a maior insurreição social no
Brasil desde 1992, quando um grande número de pessoas exigiu o impeachment do
presidente Fernando Collor de Melo.
O Brasil acordou perante a triste realidade, e na hora certa, exatamente
no momento em pretendiam esfacelar a Constituição. E enquanto nada mudar, as
manifestações vão continuar pelo Brasil em busca das sonhadas melhorias, porque
o gigante já acordou e não promete ir dormir tão cedo.
Publicado no jornal Correio Popular: “Já que a bomba é de efeito moral,
aproveita e joga no Congresso Nacional”
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